O Campeonato Brasileiro da Série B pode ser paralisado antes do final da competição por conta de um impasse entre Coritiba, TV Globo e CBF pelo pagamento de parte das cotas de televisão do torneio.
O desacerto ocorre por conta de uma indefinição contratual entre o clube paranaense e a emissora de TV que detém os direitos de transmissão do Brasileiro, fato que acabou deixando os outros times com parte dos recebimentos suspenso.
Com exceção de Coritiba e Goiás, todas as demais equipes recebem, via CBF, o mesmo valor da TV – R$ 8 milhões, entre cota fixa e verba de logística. Os dois alviverdes contam com um benefício contratual por conta das temporadas recentes na Série A – o que será modificado a partir de 2019.
A Globo enviou, então, aos dois times um aditivo contratual que buscava já definir o formato até a temporada 2022, sem o que se acostumou a chamar de “Cláusula Vasco”, uma remuneração maior para os grandes clubes rebaixados. O Goiás assinou a nova carta, mas o Coritiba não topou subscrever o documento, alegando que tem contrato com o canal Esporte Interativo a partir de 2019. O Coxa solicitou que o prazo envolvesse apenas a temporada 2018, temendo qualquer vínculo jurídico que parecesse dúbio. A Globo não topou a ideia paranaense e suspendeu o pagamento dos clubes por não ter a assinatura de todos.
Os dirigentes dos outros 18 clubes da Série B se organizaram para formalizar um protesto. Insatisfeitos, os times estudam até a paralisação do campeonato em função do pagamento pendente. Ao menos quatro times ouvidos pelo site Uol confirmaram a hipótese de parar a segunda divisão.
Até setembro, as cotas vinham sendo quitadas normalmente. Em outubro, com a TV Globo buscando iniciar a transição para acertar os contratos dos próximos anos, o Coritiba só aceitou o acordo válido para 2018, não topando os termos até 2022. E o impasse aconteceu.
Nas últimas semanas, a CBF convocou os clubes e explicou o problema que vinha travando o repasse da última cota – de R$ 400 mil. Um representante da Globo também foi convocado e disse que a TV não iria ceder sem que o Coritiba topasse o aditivo por mais quatro anos.
Procurada, a CBF reconheceu o impasse, mas evitou maiores detalhes. “Estamos acompanhando as negociações e aguardando uma solução”, disse o secretário-geral da entidade, Walter Feldman.
Sem maiores detalhes e evitando comentar as negociações em curso, a Globo se posicionou sobre o caso através de uma nota. “Não fomos informados sobre qualquer intenção de paralisação dos clubes e, em respeito à confidencialidade do contrato com CBF e clubes, não consideramos apropriado expor aqui detalhes de termos e mecânicas contratuais. De qualquer forma, reforçamos que todos os temas contratuais são de pleno conhecimento das partes contratantes”, frisou a emissora.
O Coritiba se pronunciou sobre o impasse em nota emitida na manhã desta quarta-feira (31). Nela, afirma que “Desde o Conselho Técnico da Série B em 06/02/2018, concorda com o repasse aos demais clubes (exceto Goiás) da parcela referente a 1/20 avos da remuneração estabelecida no contrato coletivo de cessão dos direitos de transmissão da Série B previamente firmado entre Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e Globo”.
O clube paranaense pondera ainda que “Quando convocado à CBF para que assinasse o termo de adesão da Série B, inicialmente negou pelos seguintes motivos: a) o Coritiba possui contrato individual de cessão de direitos de transmissão com a Globo referente à Série B de 2018, motivo pelo qual juridicamente não poderia ceder os mesmos direitos duas vezes; b) o termo apresentado ao Coritiba previa prazo de 2018 a 2022, caso em que a adesão impediria qualquer outra negociação com a Globo referente à Série B nesse período”.
Por fim, ainda informa que “Como tentativa de solução do problema, assinou em 20/09/2018 termo aderindo ao contrato coletivo apenas para 2018, documento que não foi aceito pela Globo para viabilizar o repasse à CBF e clubes.”
Fonte: Uol Esporte