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Defesa de Maurício Sampaio avisa que não deve comparecer na sessão do júri popular dia 13 de junho

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A defesa de Maurício Sampaio informou, na tarde desta segunda-feira (6), que não deve comparecer à sessão do júri popular marcada para o próximo dia 13 de junho, em Goiânia, pelo juiz Lourival Machado da Costa. O ex-cartorário é um dos cinco réus no processo que apura a responsabilidade pela morte do radialista Valério Luiz, ocorrida no dia 5 de julho de 2012.

O não comparecimento é justificado pelo advogado Luiz Carlos da Silva Neto, que na tarde de hoje concedeu entrevista à imprensa, pelo fato da defesa entender que o juiz do processo tem sido parcial e tendente a prejudicar Maurício Sampaio.

Recentemente, a Corregedoria-Geral da Justiça de Goiás julgou pedido protocolado pela defesa de Sampaio de suspeição do magistrado, não entendendo haver irregularidade na conduta dele. No entanto, segundo Luiz Carlos, quando for intimado da decisão, haverá recurso contra ela no Conselho Nacional de Justiça (CNJ). “Somente quando tivermos uma decisão definitiva sobre isso é que vamos aceitar que ocorra o julgamento”, disse.

Além de aguardar a decisão definitiva sobre a suspeição, Luiz Carlos afirmou que já entrou com pedido de adiamento da sessão pois tem audiência, no Rio de Janeiro, na mesma data do júri popular. Lá, ele é o advogado responsável pela defesa de um réu que está preso. “Entendo que réu preso tem prioridade”, frisou.

Além do anúncio de não comparecimento ao julgamento, a defesa apresentou um vídeo com a gravação de um depoimento feito pelo açougueiro Marcus Vinícius Pereira Xavier. De acordo com o advogado, ele foi ouvido pelo juiz sem a presença de nenhum representante dos demais acusados no caso em 2015. “É muito estranho que o magistrado tenha interrogado o réu após a fase de pronúncia, onde não é mais cabível esse tipo de ato”, afirmou o advogado, dizendo que a defesa já solicitou que o conteúdo do vídeo não seja exibido durante o julgamento, o que já foi negado por Lourival.

Em seu favor, o magistrado afirmou ao responder à Corregedoria sobre a suspeição que o depoimento de Marcus Vinícius foi colhido após ele ter sido preso pela Interpol e trazido de Portugal para o Brasil. “Mesmo assim, como não era audiência de custódia, realizada apenas antes da fase processual, não havia motivo para ele ser interrogado pelo juiz, que o fez ainda sem a presença dos promotores de Justiça que atuam no caso”, frisa Luiz Carlos.

Manifesto

Além de pontuar a todo tempo a necessidade de suspeição do juiz, a defesa apresentou um manifesto público com alguns questionamentos sobre o caso. O primeiro deles seria ausência de motivação por parte de Maurício Sampaio, que é apontado como o mandante do assassinato. Na denúncia, a motivação seria uma fala do radialista, no dia 17 de junho de 2012, em um programa esportivo. “Nos filmes, quando o barco está afundando, os ratos são os primeiros a pular fora”, afirmou na época Valério Luiz em alusão a uma suposta crise que o Atlético Clube Goianiensee enfrentava. Maurício era um dos dirigentes do time de futebol.

No entanto, a defesa exibiu o programa em que Valério Luiz fez a afirmação e ressaltou que em nenhum momento ele cita o nome de Maurício Sampaio, que chegou ao local no final da entrevista coletiva. O ex-cartorário fez questão de afirmar não ter motivo para mandar matar o radialista e pontuou que não houve outra linha de investigação do homicídio pela Polícia. Ele também mencionou que o local do crime não foi preservado, o celular do radialista também não foi periciado.

Três adiamentos

O julgamento do caso Valério Luiz já adiado três vezes. No dia 2 de maio, a defesa de Maurício Sampaio abandonou o plenário e foi multada em 100 salário mínimos pelo juiz Lourival. A Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Goiás recorreu contra a multa ao Tribunal de Justiça de Goiás, que suspendeu, no dia 12 passado. O entendimento do desembargador José Paganucci Júnior é que o abandono da sessão plenária está atrelado ao próprio exercício da defesa.

Para não haver novamente adiamento, a defesa alega que o julgamento pode prosseguir com relação aos quatro outros acusados de participação no homicídio até que o pedido de suspeição contra o juiz seja julgado em definitivo. O advogado Ricardo Naves, que faz a defesa do policial militar Ademá Figueiredo e de Urbano de Carvalho Malta, funcionário de Sampaio, e que estava presente à entrevista de hoje, disse que não vê impedimento para desmembrar o processo. “Vou provar que os meus clientes são inocentes”, frisou.

O crime denunciado pelo MP

Valério Luiz, de 49 anos, foi morto por volta das 14 horas do dia 5 de julho de 2012, no momento em que deixava seu trabalho na Rádio Jornal (820 AM), no Setor Serrinha, em Goiânia. Segundo a denúncia oferecida pelo Ministério Público, uma moto se aproximou do carro em que o radialista estava e disparou seis tiros contra ele. O autor dos disparos seria Ademá Figueredo, supostamente a mando de Maurício Sampaio.

Consta dos autos que a vítima proferia duras críticas ao time de futebol Atlético Goianiense, cujo vice-presidente era Sampaio. O cartorário teria, inclusive, oferecido dinheiro à emissora de TV em que Valério tinha um programa, para afastá-lo.

Segundo a pronúncia, os acusados Ademá Figueredo e Djalma Gomes da Silva faziam a segurança pessoal de Sampaio. O autor dos disparos teria pego a moto, a arma e o capacete emprestados do açougueiro Marcus Vinícius Pereira Xavier, enquanto o motorista Urbano de Carvalho Malta estaria vigiando a vítima nas proximidades da rádio.

 

 

 


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